– Temos que concordar que esta humana
tinha uma vista bastante grossa, Chofer – indaguei casualmente.
– Ou o coração muito fino à ponto da
sensibilidade valer por óculos – replicou o Ceifador.
Vistas grossas ou não, a jornalista
não carecia de comprar utopia alguma, pois a esperança que criara dentro de si
durante sua mortal vivência a acompanhava em tudo sempre onde se podia estar.
Este tipo de fé está além da nossa compreensão divina. É a necessária
ignorância que todo ser necessita ter. Quando se conhece de tudo e se é
imortal, deixa de acreditar em forças paralelas e se torna menos esperançoso
justamente pela certeza (a consciência) que se tem do todo. Imortais somos nós,
mas infinito, isso só Carolina conseguira ser. O que demoramos a compreender é
que ainda que imaginário, a fé humana é a principal responsável pelas forças
externas do homem. Concluindo isso, eu e o Ceifeiro resolvemos prosseguir com a
história.
(Fragmento - diálogo do Arcanjo com o Ceifeiro)
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