terça-feira, 21 de outubro de 2014

A bênção dos desentendidos




– Temos que concordar que esta humana tinha uma vista bastante grossa, Chofer – indaguei casualmente.
– Ou o coração muito fino à ponto da sensibilidade valer por óculos – replicou o Ceifador. 

Vistas grossas ou não, a jornalista não carecia de comprar utopia alguma, pois a esperança que criara dentro de si durante sua mortal vivência a acompanhava em tudo sempre onde se podia estar. Este tipo de fé está além da nossa compreensão divina. É a necessária ignorância que todo ser necessita ter. Quando se conhece de tudo e se é imortal, deixa de acreditar em forças paralelas e se torna menos esperançoso justamente pela certeza (a consciência) que se tem do todo. Imortais somos nós, mas infinito, isso só Carolina conseguira ser. O que demoramos a compreender é que ainda que imaginário, a fé humana é a principal responsável pelas forças externas do homem. Concluindo isso, eu e o Ceifeiro resolvemos prosseguir com a história.

(Fragmento - diálogo do Arcanjo com o Ceifeiro)

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